09 setembro 2016

SRTA PEREGRINE #1: O Orfanato da Srta. Peregrine Para Crianças Peculiares - Ransom Riggs

It was a perfect illusion! Além de divulgar e enaltecer o novo single da Lady Gaga, Perfect Illusion, esse trecho cai super bem sobre o que achei d'O Orfanato da Srta. Peregrine Para Crianças Peculiares.

Bem-vindo ao Blog Catalisador e hoje vamos falar um pouco sobre como nossas expectativas podem ser destruídas, algo com que devemos lidar diariamente no mundo pop.
A história começa com uma tragédia familiar que lança Jacob, um rapaz de 16 anos, em uma jornada até uma ilha remota na costa do País de Gales, onde descobre as ruínas do Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares. Enquanto Jacob explora os quartos e corredores abandonados, fica claro que as crianças do orfanato são muito mais do que simplesmente peculiares. Elas podem ter sido perigosas e confinadas na ilha deserta por um bom motivo. E, de algum modo - por mais impossível que possa parecer - ainda podem estar vivas.

Resenha:

Tudo nesse livro parece querer simular uma atmosfera gótica e de terror, mas fracassa absurdamente, narrando uma história infantojuvenil tão comum que talvez estejamos lidando com a exceção onde o filme é melhor que o livro (ou talvez não).

O Orfanato da Srta. Peregrine tem uma premissa muito interessante, isso tenho de admitir, porém mal executada. Vejam bem: temos aqui algo sobre pessoas peculiares (onde tais peculiaridades são poderes/habilidades/capacidades) que são perseguidas por outras pessoas peculiares que, como sempre, tendem a querer a supremacia de sua espécie sobre os ordinários homo sapiens. Nada que lembre Magneto dos X-Men, não é mesmo? E uma coisa eu tenho que falar: ou o autor escreveu errado ou foi pura falta de atenção, mas eu me senti verdadeira empatia para com os inimigos e suas intenções.

O autor tenta trazer o terror ou gótico para essa história por meio de três eixos, basicamente: com fotografias, o próprio ambiente do enredo e os inimigos.
“— À direita na orgia de flamingos! Esquerda no telhado cheio de Papais Noéis multirraciais! Passe direto pelos querubins fazendo xixi!”
Comecemos pelas tais fotografias. Quem escreve e quem gosta de saber da inspiração de certas histórias, sabe que ela pode vir de tudo. De fotografias, de uma sensação, de uma dúvida que o autor teve, etc. Às vezes o autor faz com que tal inspiração apareça na história (de forma explícita ou não), como, por exemplo, dizer que o personagem estava assistindo a um tal filme ou que ele gostava de certa pintura.

Digamos que Ransom tirou a ideia desse conjunto de fotografias e ele pensou consigo mesmo “puxa, se eu conseguir encaixá-la no livro, vai ser incrível”. Se por acaso fossem uns 7 ou até mesmo 10, tudo bem, mas não 44 montagens que tomam o lugar de onde a história deveria estar sendo trabalhada.

Algumas fotografias são bonitas, alguns são esquisitas - e estas cumprem bem o trabalho de incomodar o leitor -, mas algumas são completamente desnecessárias para o livro e mais parecem enchimento de linguiça.

Passemos para o ambiente em que a história se passe e talvez esse seja o mais bem sucedido aspecto da obra. A história se desenvolve numa ilha no País de Gales, onde chove bastante, é coberta de névoa, o único meio de contato com o continente é por meio de barco (e se o mar ajudar). Ou seja, completo clima de isolamento. Quando a “ação” realmente vai acontecer (depois de 5 arrastados capítulos), esse espaço foi bem explorado e descrito, então temos uma boa ideia de como é a vida nessa costa, de como são seus habitantes e como as coisas funcionam por lá. O que é importante, quando os loops temporais começarem.

Os 5 capítulos seguintes servem para nos apresentar o Orfanato e sua vida lá, nos contar sobre a própria Srta. Peregrine, que por sinal, é uma mulher beirando o detestável. Aguente mais 5 capítulos arrastados e chatos.

Nessa contagem, já foram perdidos 10 capítulos descrevendo o puro nada, sobrando apenas um, onde o autor resolveu concentrar toda a "ação".
“A manhã trouxe chuva, vento e neblina, um tempo opressivo que tornou difícil acreditar que a véspera não passara de um sonho estranho e maravilhoso.”

Terceiro e último aspecto: as criaturas – os acólitos. Tentando recriar uma anatomia que com certeza fora inspirada na mitologia de H.P. Lovecraft, Riggs nos apresenta inimigos incrivelmente patéticos que não correspondem à fama que têm dentro da história.

O protagonista da história é legal, disso não posso reclamar. Ele é um jovem decidido no que faz, sarcástico, inteligente, curioso e agrada. Seu par romântico é bastante volátil (o que combina com sua peculiaridade). O romance entre eles é dispensável, no entanto, além de risível – não de um jeito bom.

Tive a impressão de que o autor quis conter um pouco as peculiaridades das crianças, deixando para explorá-las mais a fundo nas sequências - as quais lerei, apesar de não ter gostado tanto assim desse livro.

Acho que o que mais prejudicou esse livro foi a falta do que falar. Quer dizer, ele nos apresenta um mundo incrível, divertido, onde crianças têm poderes fantásticos e maravilhosos, mas não passa disso: de uma extensa introdução, sem um pingo de emoção, tensão ou desenvolvimento.

CLASSIFICAÇÃO: 1,5 estrela

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Um comentário:

  1. Gustavo Woltmann06 fevereiro, 2017

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